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Na comemoração dos 60 anos de criação da UFSM, vários artigos ressaltaram os aspectos históricos que culminaram com a criação da primeira universidade federal no interior de um Estado da Federação. Isso só foi possível acontecer no interior do Rio Grande do Sul pelas circunstâncias políticas da época.
O curso de Medicina foi criado em 1954 como extensão da Universidade do RGS, formando sua primeira turma em 1959 (a cerimônia aconteceu em janeiro de 1960). Minha admissão como Auxiliar de Ensino foi assinada por Elyseu Paglioli, reitor da URGS, em 02/janeiro/1959.
Minha docência na Clínica Médica, além das aulas práticas na Enfermaria São Lucas do Hospital de Caridade "Astrogildo de Azevedo" e no ambulatório de Clínica Médica que funcionava no subsolo, foi, também de ministrar um curso de Doenças Infecciosas e Parasitárias para os alunos do 6º ano, da primeira turma. Em 1960, fui para São Paulo, com uma bolsa da Capes, fazer uma pós-graduação em cardiologia para qualificar o exercício da docência.
Dito isso, posso afirmar que acompanhei "de dentro" todo o processo de criação da UFSM. Naquela época eu já era, também, vereador pelo PTB, o que me autoriza a afirmar que o vice-presidente João Goulart foi a peça fundamental para a criação da Universidade.
Logo depois do suicídio de Getúlio Vargas, o vácuo político que foi criado ensejou uma turbulência que levou a uma tentativa de tomada do poder pelas forças aliadas ao movimento tenentista que desembocou no "Manifesto dos Coronéis" durante o governo constitucional de Getúlio Vargas. Nessa ocasião houve uma reação militar liderada pelo general (depois marechal) Henrique Duffles Teixeira Lott que colocou a tropa na rua e garantiu a continuidade do processo constitucional com a assunção de Nereu Ramos à Presidência da República. Isso garantiu a realização das eleições de 15/11/1955 que elegeu Juscelino Kubitscheck pela aliança PSD/PTB. Juscelino fez 3.077.411 votos e João Goulart, com votos em separado, fez 3.691.409 votos.
Isso demonstra que a aliança do PTB de Jango foi a garantia constitucional que permitiu Juscelino realizar todo o seu plano de governo. Em 1960, a eleição de Jânio Quadros, apoiado pela UDN, repetiu a eleição de Jango como vice-presidente, derrotando o vice de Jânio que era Milton Campos.
Em 14/12/1960, data em que Juscelino assinou a lei que criou a Universidade de Goiás, João Goulart era seu vice-presidente e já estava consagrado como vice do novo governo que seria instalado em janeiro de 1961.
Foi então, com todo o peso da importância política de Jango, que Juscelino concordou em adicionar ao texto da Lei 3.834 a criação concomitante da UFSM. O adendo colocado pelo deputado Tarso Dutra foi a materialização desse acordo entre Juscelino e Jango. Se a iniciativa tivesse o patrocínio só de Tarso, não teria a aprovação do Congresso, pois outros deputados teriam imitado a situação e tumultuado o processo.
Em 1963, com Jango na presidência da República, o Dr. José Mariano da Rocha Filho fez editar um álbum histórico sobre a fundação da UFSM. Na contra capa, estava estampada a fotografia de João Goulart como homenagem ao seu papel de apoiador incondicional da UFSM. O álbum começou a ser distribuído no início de 1964 mas, com a eclosão do Movimento armado de 31/março/1º de abril, foi recolhido e teve arrancada sua primeira página...